Sim, não, muito pouco provável (talvez)

Sussurrar ao ouvido e dizer que se ama (sem o saber). Beijar a curva do pescoço e correr a face até aos lábios.
Acordar.
Sobre nós sabemos muito pouco, daí sermos influenciados pelo que nos rodeia. No que toca ao amor, são muitas as confusões que se criam e é grande o desgaste dessa palavra que, sem dúvida alguma é a mais bela de todas.
Há paixões. Como é belo sentir-se uma lufada de ar no tórax que nos diz "estás apaixonado". Como é belo ficar três horas sem adormecer porque não paramos de pensar (ou pelo menos não queremos) no pequeno sinal que está ao lado do lábio, nas "covinhas" que nascem quando sorri, no fechar os olhos e no unir dos lábios quando nos beija. É o único momento em que sabemos que não é por não querer ver que os fecha, mas sim porque quer sentir. Projectamos com a maior rapidez porque estamos confusos. E então, há calor que sobe desde a planta dos pés ao couro cabeludo, arrepios que, discretamente, abanam as pernas e os ombros, mãos que suam e tremem desajeitadamente. E então, também queima. Quanto maior a chama, maior o desgaste do fósforo. E ela chora porque a ele/ela não apetece. E ele chora porque a ela/ele não apetece. "Foi erro meu?". "Não devia ter dito que amava". "Não devia (...) ".
Essas emoções possuem uma carga energética que nos faz escravos da insatisfação. Somos insaciáveis e queremos tudo aqui e agora. Quer-se palavras, gestos, afecto. Quer-se mais e mais. A paixão é aquilo que, por não se ter quer-se e chegando a ter-se nunca se tem. É um conjunto de sensações transcendentes que nos desgastam e enfraquecem. "É fogo que arde sem se ver".
Mas não é amor. Esta palavra, "a mais bela delas todas", não morde. Aparece e prevalece. Não há obsessão, não há desejo doentio. Não há desprezo. Não há maldade ou desconfiança. Não há ciúme. Digo que te amo e não deixo. Porque quero e não deixo de querer. Dizes que me amas porque queres o mesmo. Não estás aqui mas estás sem estar. Não há chuva que suje isso porque nada dói quando ele cura. E nasce. Então abraça-se, beija-se, abraça-se novamente e nada acaba, tudo começa. Porque se soube que seria preciso andar. Não é paixão, é amor. Há partilha. Há amizade. Há compreensão e companheirismo. Há vida. É alma e espírito juntos sem roupa. Sem imposições, preocupações, sem questões que questionem o que sempre teve resposta. E vamos, damos a mão, aconchegamo-nos e dizemos.
"Amo-te".